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URGENTE: Após pedido de impeachment de Moraes foi decidido que… Ver mais

“Apenas um voto: a ofensiva silenciosa contra Alexandre de Moraes no Senado”

Brasília amanheceu inquieta. Nos bastidores do poder, uma imagem começou a circular de forma quase clandestina — mas com um propósito claro e calculado: pressionar. Em destaque, os rostos e nomes de 40 senadores. Um título provocativo estampado no topo da arte: “Só falta 1”. Um recado que, embora silencioso, ecoa como um trovão dentro do Congresso Nacional.

A peça, divulgada pelo líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), caiu como uma bomba no centro político do país. Ela reúne os parlamentares que, segundo o partido, já declararam apoio à abertura de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O detalhe que transforma a imagem em arma: o número mágico de 41 — a quantidade mínima de senadores necessária para que o processo ganhe vida no plenário.

Faltaria, então, apenas um voto.

Esse único nome ausente se tornou, de repente, o mais cobiçado — ou o mais temido — da República. Quem será o próximo a aderir? Quem ousará cruzar a linha? E, mais ainda, quem recuará?

A engrenagem de uma crise

A tensão entre o Congresso e o STF não é novidade, mas agora, ela ganha contornos mais agudos e inéditos. A iniciativa capitaneada pelo PL representa mais do que uma simples provocação. Trata-se de uma operação política em larga escala — e que, se tiver sucesso, abrirá um precedente nunca antes visto na história recente do Brasil.

Pela regra do Senado, o impeachment de um ministro do STF só pode ser discutido após o apoio formal de 41 senadores. Se essa barreira for superada, a denúncia será admitida e encaminhada para tramitação. Mas o cenário se complica adiante: são necessários 54 votos — dois terços da Casa — para afastar um ministro de forma definitiva.

Ou seja, chegar ao número mágico de 41 não encerra a guerra. Mas marca o início de uma nova batalha.

Uma imagem, múltiplas intenções

A divulgação do material causou mal-estar generalizado entre parlamentares. Muitos dos que aparecem na arte sequer haviam autorizado o uso de suas imagens. Outros, mesmo tendo declarado apoio, não esperavam ser expostos dessa forma. A peça funciona como uma espécie de “mural da pressão”: quem está fora, passa a ser cobrado; quem está dentro, é compelido a manter a posição — mesmo diante do risco político.

Nos corredores do Senado, fala-se em intimidação. Mas também há quem veja na imagem um retrato fiel da polarização política que o país vive.

Moraes no centro da tempestade

O ministro Alexandre de Moraes tornou-se figura central no embate entre o STF e os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Relator dos inquéritos que investigam atos antidemocráticos, disseminação de fake news e articulações golpistas após as eleições de 2022, Moraes é odiado pela base bolsonarista e idolatrado por defensores da democracia institucional.

Seus opositores o acusam de concentrar poder e de agir fora dos limites constitucionais. Seus defensores afirmam que, sem sua atuação firme, o país teria mergulhado no caos.

É essa dualidade que transforma qualquer tentativa de impeachment num ato altamente explosivo.

Rodrigo Pacheco: a última trincheira?

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem sido um dos principais obstáculos para o avanço de pedidos contra ministros do STF. Discreto, mas firme, ele já declarou diversas vezes que não aceitará movimentos que atentem contra a independência entre os Poderes.

Mas, com 40 nomes na lista, a pressão sobe. A imagem divulgada por Carlos Portinho não mira apenas os colegas parlamentares: ela é, em parte, um desafio direto ao próprio Pacheco. Colocar ou não o pedido em pauta será, em breve, uma escolha política com repercussão histórica.

O dilema dos indecisos

No tabuleiro do Senado, cada voto agora carrega peso de chumbo. Senadores que se mantêm neutros vivem o dilema entre agradar a base conservadora — muitas vezes ruidosa — ou evitar um embate direto com o Judiciário e com o eleitorado mais moderado.

Nos bastidores, líderes partidários fazem contas, consultas e, principalmente, sondagens. Ninguém quer ser o “voto decisivo” e arcar sozinho com o preço da tempestade que pode se formar.

Uma disputa que ultrapassa nomes

Mais do que uma ação contra Alexandre de Moraes, o movimento revela uma escalada institucional sem precedentes. O Congresso, ou parte dele, testa os limites do STF. E o STF, por sua vez, reage. Entre eles, um país inteiro observa, ansioso, as consequências de uma possível ruptura.

A pergunta que paira no ar, ainda sem resposta, é: será que o voto que falta vai aparecer?

Se surgir, o Brasil poderá assistir a um dos capítulos mais turbulentos da sua democracia desde a redemocratização. Se não surgir, a imagem dos 40 senadores continuará circulando — como símbolo de uma batalha ainda em curso. E como lembrete: a crise entre os Poderes não terminou. Ela apenas mudou de fase.