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Ultimo pedido de Preta Gil antes de sua m0rte foi negado por… Ver mais

Despedida de uma estrela: O último ato de Preta Gil comove o Brasil

Por trás da cortina do Theatro Municipal, uma estrela se despede. Mas o espetáculo de sua vida — intenso, vibrante e profundamente humano — ecoará para sempre.

Na próxima sexta-feira (25), o coração do Rio de Janeiro vai bater mais devagar. O Theatro Municipal, palco de tantos momentos gloriosos da cultura brasileira, abrirá suas portas não para uma estreia, mas para um adeus. Entre 9h e 13h, fãs, amigos e admiradores poderão se despedir de Preta Gil — cantora, atriz, apresentadora, ativista. Mulher de alma indomável. Ícone de coragem.

Ela partiu no último domingo (20), aos 50 anos, após travar, até o fim, uma das batalhas mais públicas e emocionantes contra o câncer colorretal. E mesmo diante da doença, Preta não se despediu em silêncio. Fez de sua dor um grito de resistência. Fez do medo um palco. E das redes sociais, um diário aberto de superação.

Uma despedida sob holofotes — mas sem trio elétrico

A escolha do Theatro Municipal para o velório não foi um gesto burocrático. Foi dela. Preta planejou sua própria partida com a mesma personalidade que sempre conduziu sua vida: intensa, teatral, sincera. Pediu que o espaço fosse usado para acolher sua despedida — “com grandeza, mas com alegria”, como dizia a quem a cercava.

No entanto, um dos últimos desejos da cantora esbarrou em questões logísticas. Ela sonhava com um cortejo de Carnaval, com trio elétrico, batuque, samba, abraços e multidão. Queria sair pelas ruas do Rio como viveu: no meio do povo, com música e riso.

Mas a Prefeitura do Rio vetou a realização do evento festivo, alegando dificuldades de segurança e estrutura. A assessoria confirmou que o desejo da cantora já havia sido deixado de lado dias antes, em respeito ao seu estado de saúde, que se agravava rapidamente.

Mesmo sem a folia, o Brasil promete transformar o silêncio do Theatro em uma homenagem sonora — feita de lágrimas, memórias e músicas eternas.

O capítulo final de uma luta corajosa

No último ano, o Brasil assistiu, de perto, à mais difícil jornada de Preta. Diagnosticada com câncer colorretal em 2023, ela escolheu viver o tratamento de forma pública, transparente e inspiradora.

Mostrou-se frágil, sim. Mas nunca sem esperança. Cada vídeo, cada postagem, era um convite para refletir sobre vida, dor, cura e fé. Seus seguidores se tornaram cúmplices dessa travessia, torcendo com fervor por dias melhores.

Nos últimos dias de vida, Preta estava em Nova Iorque. Lá, tentava uma última possibilidade: um tratamento experimental, ainda sem garantias, mas cheio de expectativas.

Na quarta-feira (16), seu quadro clínico teve uma reviravolta. A pior. Familiares foram chamados às pressas. Amigos viajaram para vê-la. Havia ainda um plano para trazê-la de volta ao Brasil, em uma UTI aérea. Ela queria dizer adeus em casa, com os seus.

Mas não houve tempo. O corpo não resistiu. E a notícia de sua morte caiu como um trovão em pleno domingo.

Muito além da música: o legado de uma mulher que ousou ser ela mesma

Filha de Gilberto Gil, Preta poderia ter seguido sob a sombra do pai. Mas escolheu, com firmeza, a própria luz.

Construiu uma carreira sólida na música e na televisão, sem jamais se esconder. Foi símbolo de liberdade, feminismo, orgulho do corpo, combate à intolerância. Enfrentou preconceitos com a mesma força com que encarava o palco. Cantava, dançava, chorava e gritava — e fazia tudo isso sendo intensamente verdadeira.

Seu último post no Instagram, feito apenas uma semana antes da morte, viralizou. Nele, aparece sorridente com amigos em Nova Iorque, brincando com um meme da internet. Escreveu: “Nosso domingo em NY com muita gaiatice que eles fazem comigo!”.

Um retrato fiel de quem era: leve, espirituosa, mesmo diante do caos.

Silêncio e aplausos no Theatro Municipal

Nesta sexta, o Theatro Municipal não ouvirá um novo single, nem uma risada contagiante ecoando pelo camarim. Mas receberá uma artista em seu último ato, cercada de amor.

Ivete Sangalo, Anitta, Pabllo Vittar, Caetano Veloso… Todos se manifestaram comovidos. O Brasil inteiro chora.

“Ela nos ensinou a viver sem amarras, a amar sem medo e a lutar com o coração”, disse Ivete, emocionada, em vídeo.

E é exatamente assim que Preta se eterniza: como alguém que jamais teve medo de ser quem era.

O Carnaval que ela queria não sairá nas ruas, mas ressoará nas lembranças de cada um que a viu brilhar. Seu legado não será enterrado — será celebrado, vivido, cantado.

Preta não se foi. Apenas trocou de palco.