Tragédia: Ônibus se envolvem em grave acidente na manhã deste domingo e deixa 41 mortos e 10 feridos, após… Ver mais
Um dos sobreviventes do acidente entre um ônibus e um caminhão que deixou 41 mortos e 10 feridos neste domingo (30) no interior de São Paulo disse que a maioria dos passageiros estava sem cinto de segurança e dormia no momento do acidente.
A colisão ocorreu no km 172 da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, em Taguaí (SP). O ônibus, que não tinha autorização da Artesp para circular e estava com documentos irregulares, levava trabalhadores de uma empresa têxtil.
“Acho que só o motorista estava de cinto e uns 90%, 95% dos passageiros, estavam dormindo”, relata Elian Marcos, de Itaí (SP), que teve apenas escoriações provocadas pelo acidente.
“Eu lembro de tudo. Lembro que antes de chegar neste local, mais ou menos a 1,5 km, eu estava dormindo no ônibus. Eu acordei, e nisso era uma curva que não dava para ver bem. Vi que tinha um ônibus e um caminhão muito devagar na frente. Não sei se falhou o freio, mas chegou muito perto do caminhão, que estava devagar ,e o motorista tirou o ônibus. Nisso veio a carreta na pista contrária.”
Segundo Elian, o motorista do ônibus não tentou fazer uma ultrapassagem, mas tirou o veículo para evitar bater na traseira do caminhão que estava à frente.
Resumo
- Um ônibus e um caminhão colidiram em Taguaí (SP)
- Acidente aconteceu por volta das 7h deste domingo
- O ônibus levava cerca de 50 trabalhadores de uma empresa têxtil
- A colisão ocorreu no km 172 da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho
- A empresa de ônibus Star Viagem e Turismo não tinha autorização para operar, segundo informações da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp)
- Motorista sobreviveu, teve alta do hospital e não foi mais visto, apesar de não ser considerado foragido pela polícia
Após o acidente, o caminhão do tipo bitrem (de tamanho maior), que levava carga de esterco, invadiu uma propriedade rural. O motorista do veículo chegou a ser levado ao pronto-socorro de Fartura, mas morreu na unidade.
Ao G1, a companheira do caminhoneiro informou que ele não tinha habilitação para dirigir caminhão, tinha apenas habilitação provisória para carro e, por isso, levava outro caminhoneiro junto nas viagens.
Várias vítimas foram arremessadas na pista com a força da batida, segundo o Corpo de Bombeiros.
“Algumas vítimas foram projetadas para fora do ônibus, algumas estavam no interior do veículo e outras ficaram presas nas ferragens e nos bancos do ônibus também, o que dificultou a retirada. Mas tivemos cautela para que não houvesse maiores danos nos corpos”, disse o tenente do Corpo de Bombeiros, Carlos Alexandre Prandini.
“Com a colisão uma parte da carroceria do caminhão se desprendeu, foi para o lado do ônibus. Ela ocasionou um grave dano na lateral do ônibus e infelizmente levando a óbito tantas pessoas. Foram arrancados bancos, vítimas com membros decepados, vítimas machucadas”, diz Daniel Aparecido Demétrio, capitão da Polícia Militar.
Segundo o tenente Alexandre Guedes, porta-voz da PM, foi o maior acidente do ano nas rodovias do estado de São Paulo.
Pista simples e sem pedágios
A Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho é uma pista simples e não tem pedágios. Segundo a Polícia Militar Rodoviária de Itapeva, não são comuns acidentes naquele local.
A pista precisou ser interditada para atendimento da ocorrência.
O que diz a confecção
À TV TEM, o advogado Emerson Rodrigues, responsável pelo setor jurídico da Stattus Jeans, empresa têxtil onde trabalhavam os passageiros levados no ônibus, disse que a empresa do veículo era contratada pelos funcionários que recebem vale-transporte. Ele não comentou sobre as condições de segurança do veículo.
Quando ocorreu o acidente, o ônibus com trabalhadores havia saído de Itaí, passado por Taquarituba e seguia até a empresa têxtil em Taguaí.
Empresa de ônibus é clandestina
A Star Viagem e Turismo não tinha autorização para operar, segundo informações da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). O G1 apurou que a empresa de ônibus já foi multada várias vezes e era considerada clandestina pelo órgão fiscalizador.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a empresa está cadastrada no site da agência para viagens interestaduais, porém, apenas um veículo é apto para realizar este tipo de transporte. Contudo, não é o veículo envolvido no acidente.
O veículo envolvido na batida, com placa DJC 8811, acumula 11 multas – 2 municipais, 1 do Detran e 8 do D.E.R. Além disso, estava com IPVA, licenciamento e DPVAT atrasados, ou seja, não poderia estar em circulação. São mais de R$ 5 mil em débitos.
Segundo a Artesp, “a empresa não possui registro para transporte de passageiros e roda ilegalmente desde 11 de outubro de 2019”.
Milton Persoli, diretor da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), descarta que tenha havido omissão ou falta de fiscalização por parte da agência.
“A Artesp executou, só em 2020, 8 mil ações fiscalizatórias, com 5400 multas. Nós executamos uma média de 250 fiscalizações diárias, de segunda a segunda. Não existe omissão, o que existe é uma irresponsabilidade da empresa. Ela foi autuada quatro vezes em 2020, teve seus veículos retidos duas vezes. O que acontece é uma irresponsabilidade do proprietário da empresa em continuar exercendo essa atividade.”