‘MORRERAM ABRAÇADAS’ Mãe e filha morrem em queda de balão, tinham acab… Ver mais

Tragédia nas Alturas: O Voo que Começou com Sonhos e Terminou em Horror nos Céus de Santa Catarina
Era para ser um daqueles momentos eternizados em fotos e memórias — um voo sereno, sob o azul límpido do céu de Praia Grande, no Sul de Santa Catarina. O sol ainda despontava no horizonte quando, às 7h da manhã do último sábado (21), um balão de ar quente cortou os ares com 21 passageiros a bordo. Eles buscavam emoção, paisagens de tirar o fôlego, histórias para contar.
Mas o que começou como sonho, transformou-se em pesadelo.
Minutos após a decolagem, algo aconteceu. O que era silêncio contemplativo deu lugar ao caos. Um incêndio — cuja origem ainda está sob investigação — tomou conta do balão em pleno voo. O que se seguiu foi um dos episódios mais trágicos já registrados na região. O céu, outrora cenário de esperança e beleza, se tornou palco de desespero e morte.
Um Cesto Cheio de Vidas e Histórias
No interior do balão, estavam mães e filhas, casais apaixonados, amigos em busca de aventura e até profissionais da saúde que decidiram, naquela manhã, dar uma pausa ao cotidiano para viver algo único. Entre eles, Leane Elizabeth Herrmann e suas duas filhas: Leise e Leciane Herrmann Parizotto. Uma família unida pelo amor — e, tragicamente, também pela dor.
Leane era moradora de Concórdia e símbolo de dedicação à família. Leise, médica em Blumenau, era conhecida por seu atendimento humano e sua gentileza com os pacientes. Elas estavam no mesmo cesto, lado a lado, quando o fogo começou. Apenas Leciane sobreviveu.
O Inferno no Céu: Relatos do Horror
Testemunhas no solo relataram ter ouvido gritos e visto o balão em chamas ainda nos primeiros minutos de voo. Dentro da cesta, o cenário era desesperador. As primeiras informações apontam que o incêndio pode ter começado em um maçarico reserva — justamente um equipamento de segurança. O que deveria proteger, acabou selando o destino de muitos.
Com as chamas se espalhando, o piloto teria gritado uma ordem desesperada: “Pulem!”. Alguns obedeceram e saltaram com o balão ainda relativamente baixo, ferindo-se na queda, mas sobrevivendo. Outros, talvez paralisados pelo medo ou distantes da borda, permaneceram a bordo. O balão, aliviado do peso dos que saltaram, voltou a subir… só para, em seguida, mergulhar em queda livre e explodir ao atingir uma área de mata próxima à famosa Cachoeira do Bom Jesus.
O País em Luto, as Cidades em Silêncio
A notícia da tragédia percorreu o Brasil. Em Concórdia, Blumenau e Seara, o luto é coletivo. As cidades pararam. A comoção tomou conta da comunidade médica, especialmente com a confirmação da morte de Leise Herrmann e também do médico Andrei Gabriel de Melo, outro nome entre as vítimas já identificadas.
Eles não eram apenas profissionais. Eram filhos, pais, amigos. Pessoas com trajetórias inspiradoras que, de forma cruel e repentina, foram interrompidas.
As Perguntas Que Ecoam no Silêncio
Por que o incêndio começou? Era mesmo inevitável? A empresa responsável seguia todos os protocolos de segurança? Havia histórico de falhas? As autoridades — Polícia Civil, Polícia Científica e Corpo de Bombeiros — agora correm contra o tempo para reunir respostas. O balão, ou o que restou dele, está sendo analisado por técnicos especializados.
O caso lança luz sobre a urgência de fiscalização e revisão nas normas desse tipo de turismo, cada vez mais popular e vendido como “seguro e encantador”.
Sobreviventes: Vivos Por Um Milagre
Quatorze pessoas escaparam da morte naquele voo. Algumas pularam em tempo, outras sobreviveram mesmo feridas. Mas nenhuma sairá ilesa do trauma. Leciane Herrmann, por exemplo, assistiu, impotente, à perda da mãe e da irmã. Está viva, sim. Mas carrega agora cicatrizes que não se curam com o tempo.
Para os sobreviventes, cada segundo daquela manhã se tornou eterno. E suas histórias, agora, são testemunhos vivos de um momento que ninguém jamais esquecerá.
O Céu Que Nunca Mais Será o Mesmo
Quem olhava para o céu naquela manhã viu algo que parecia irreal: um balão em chamas, fumaça escura se espalhando pelos cânions, e o silêncio pesado que só grandes tragédias deixam.
Praia Grande, conhecida pela beleza dos seus vales e cânions, se tornou símbolo de dor. A paisagem segue imponente — mas agora, manchada pela lembrança do que ali aconteceu.
A tragédia escancarou fragilidades. Deixou famílias em pedaços. E deixou um país inteiro com uma única certeza: o céu pode ser lindo, mas também implacável.
