Mauro Cid decide não comparecer ao julgamento no STF devid…Ver Mais

Nos bastidores do STF: o silêncio estratégico de Mauro Cid e o julgamento que pode abalar a República
Brasília se prepara para viver dias de tensão máxima. No coração do poder, um julgamento começa a desenhar o que pode ser um dos capítulos mais impactantes da história recente do Brasil. Não é apenas mais um processo judicial. É uma possível virada de chave na compreensão dos bastidores que cercaram o poder nos últimos anos.
A partir desta terça-feira (2), os olhos da nação se voltam à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde será analisada uma denúncia explosiva: a suposta participação de aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma trama para tentar desestabilizar as instituições democráticas do país.
Mas o que já era grande, ficou ainda mais simbólico com um gesto inesperado — e calculado.
A ausência que fala mais alto
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e peça-chave nas investigações, decidiu não comparecer pessoalmente à sessão do STF. Em vez de estar presente no plenário onde sua defesa será julgada, o militar permanecerá em sua residência na Vila Militar, em Brasília, observando os desdobramentos à distância.
A decisão, segundo fontes próximas, não foi individual. Cid seguiu à risca a orientação de seus advogados, que entenderam que sua presença física na Corte poderia ser mais prejudicial do que benéfica. Evitar os flashes, as manchetes e o confronto direto com os ministros pareceu, na avaliação da defesa, o movimento mais prudente.
Mas a ausência — por mais discreta que queira parecer — lança ainda mais luz sobre a figura de Cid. O silêncio, em certos momentos da história, grita.
O homem por trás do uniforme
Durante quatro anos, Mauro Cid foi mais do que um ajudante de ordens. Ele era um dos homens mais próximos do então presidente da República, com acesso irrestrito aos bastidores do Planalto. Agora, seu nome figura entre os oito denunciados no inquérito que investiga uma suposta articulação golpista — um caso que pode redefinir as fronteiras entre o poder político e o militar no Brasil.
Documentos, registros de agendas e mensagens interceptadas são apontados pelo Ministério Público como indícios do envolvimento direto de Cid em articulações sensíveis, especialmente durante o período pós-eleitoral.
Para os investigadores, ele não era apenas um executor, mas um elo essencial entre decisões políticas e a tentativa de contestar o resultado das urnas. Por isso, seu julgamento é acompanhado com atenção máxima — e com expectativa explosiva.
A estratégia do silêncio ou o medo da exposição?
Legalmente, Mauro Cid tinha o direito de comparecer à sessão. Assim como Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, também poderia solicitar autorização para acompanhar os trabalhos presencialmente. Nenhum dos dois, até agora, manifestou intenção de fazê-lo.
Nos bastidores da política, o gesto é interpretado de duas formas distintas — e ambas são carregadas de tensão. Para uns, trata-se de uma jogada fria e calculada: evitar que imagens públicas desgastem ainda mais a figura de Cid, já arranhada após denúncias e delações. Para outros, a ausência pode refletir temor diante da exposição direta em um momento crucial.
Seja qual for a verdade, uma coisa é certa: Mauro Cid continua no centro do tabuleiro, mesmo que fora das câmeras.
Um julgamento que pode fazer história
Com previsão de durar até 12 de setembro, o julgamento não decidirá apenas o futuro de oito réus. Ele pode definir os rumos da Justiça em casos de tentativa de ruptura institucional, além de estabelecer precedentes sobre a responsabilização de militares e civis que ocupam funções de confiança no alto escalão do poder.
Mais do que nomes, o que estará em jogo será o próprio entendimento da Constituição diante de crises políticas. Um julgamento que se desenrola entre os muros da mais alta corte do país, mas que ecoa nas ruas, nas instituições e nos bastidores de Brasília.
Câmeras ligadas, país em alerta
Enquanto a imprensa prepara coberturas especiais, transmissões ao vivo e análises em tempo real, a expectativa é de que novas revelações venham à tona. Os ministros do STF deverão lidar não apenas com provas e testemunhos, mas com a pressão pública e institucional que envolve o caso.
E lá, em sua casa, longe do calor do plenário, Mauro Cid assiste. Observa. Espera. O silêncio agora pode ser sua melhor defesa — ou o prenúncio de algo maior.
Porque neste julgamento, mais do que condenações ou absolvições, o que está em jogo é o próprio equilíbrio da democracia brasileira.
