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Luto no Retiro dos Artistas: ator querido m0rre aos 67 anos ele foi m… Ver mais

Uma Voz que se Calou: O Adeus Silencioso de um Gigante da TV Brasileira

Por trás das câmeras, ele travava uma batalha invisível. Uma guerra sem holofotes. Mas nunca abandonou o palco em seu coração.
Agora, o Brasil se despede de um dos rostos mais marcantes da teledramaturgia nacional, cujo talento atravessou gerações e resistiu ao tempo — até que o corpo dissesse: basta.

O Último Ato

Poucos sabiam, mas o ator — que passou seus últimos anos no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro — enfrentava diariamente os efeitos debilitantes do Mal de Parkinson. Sua saúde, ainda que frágil, mantinha-se sob controle. Até que uma queda inesperada mudou o rumo de tudo. Uma cirurgia no fêmur, que deveria ajudar na recuperação, se transformou num complicador silencioso. Um desfecho cruel para alguém que, mesmo enfraquecido, ainda sonhava em voltar aos estúdios.

A notícia de sua morte caiu como uma nuvem sobre o cenário artístico brasileiro. Não apenas pela perda, mas pela lembrança de uma carreira sólida, carregada de emoção, entrega e paixão pela arte.

O Artista que Não Sabia Parar

Desde os anos 1970, ele esteve presente nas casas dos brasileiros. Interpretou personagens memoráveis, deu vida a histórias intensas e emocionou públicos de todas as idades. Mas foi em 1990, ao encarnar Rubem na primeira versão de Pantanal, que ele se eternizou.

A novela, transmitida originalmente pela extinta Manchete, se transformou em um fenômeno cultural. Rubem, seu personagem, não era o protagonista da trama — mas carregava tamanha humanidade que se tornou inesquecível. O papel lhe rendeu não apenas prestígio, mas uma conexão profunda com o público.

Depois disso, vieram outras pérolas: Roque Santeiro, Belíssima, Ti Ti Ti, Cheias de Charme. A cada personagem, um novo traço de genialidade. Seu último trabalho na televisão foi em 2012, mas nem a doença foi capaz de apagar o brilho de sua presença.

Uma Luta Silenciosa, Um Sonho Inabalável

O Parkinson, doença que ataca o sistema nervoso central, foi diagnosticado há anos. Com o tempo, a fala começou a falhar, os movimentos se tornaram limitados, e a rotina artística precisou dar lugar ao silêncio. Ainda assim, ele nunca perdeu a esperança.

Em uma das últimas entrevistas, concedida ao jornal Extra, revelou o desejo que o mantinha vivo: “Quero fazer a cirurgia de implante eletrônico no cérebro para recuperar a fala e os movimentos… e voltar a atuar”.

Essa fala, dita com esforço, ainda ecoa como um grito de resistência. Era mais do que um desejo profissional — era sua identidade, seu respiro, sua razão. Ali estava um homem que, mesmo com o corpo em decadência, carregava a alma pulsante de um artista.

Tributos de Quem Compartilhou o Palco

A notícia de sua morte comoveu colegas e amigos. Ana Beatriz Nogueira, emocionada, declarou: “Ele era daqueles que sabiam ouvir em cena. Isso é raro. Vai fazer muita falta”. Já Marcos Palmeira, que dividiu elenco com ele em Pantanal, afirmou: “Perdemos um dos bons. Um homem que entendia o ofício, respeitava o texto e tinha amor pelo que fazia”.

Essas homenagens se espalharam como ondas, reforçando o quanto ele era querido, respeitado e admirado. Não apenas por suas atuações, mas pela humildade, pela escuta e pela generosidade de bastidores.

O Legado que Ninguém Apaga

A morte sempre chega, mas nem sempre leva tudo. Nesse caso, o corpo se foi, mas o legado ficou. Ficou na memória de quem o viu pela primeira vez em preto e branco. Ficou nas reprises, nas plataformas digitais, nas salas de aula de teatro onde seu nome é citado como exemplo de entrega cênica.

Ficou também na emoção de quem, ao assistir uma cena sua, enxergava algo além do personagem: via humanidade. E é por isso que sua ausência será sentida — não apenas por quem conviveu com ele, mas por toda uma indústria que precisa de artistas assim: inteiros, verdadeiros, apaixonados.

Uma Despedida com Aplausos

Não houve grandes cerimônias. Nenhum tapete vermelho. Mas houve lágrimas sinceras, recordações calorosas e aplausos silenciosos vindos de todos os cantos do país. Porque artistas de verdade não morrem — apenas mudam de palco.

Ele queria voltar aos holofotes. Queria mais uma chance. Não teve. Mas, ironicamente, partiu quando já tinha garantido o que poucos conseguem: a eternidade na memória de um povo.