Jornal divulga os áudios que Polícia encontrou no celular de Bolsonaro: “Ele mand…Ver Mais

Segredos em Áudio: Gravações de Bolsonaro Revelam Bastidores Explosivos da Política Nacional
Por trás da cortina do poder, gravações inéditas revelam como Jair Bolsonaro continuou articulando, pressionando e negociando mesmo após deixar o Palácio do Planalto. O conteúdo, extraído de seu próprio celular pela Polícia Federal, escancara movimentações estratégicas que podem abalar Brasília — e reacender tensões institucionais.
Em uma operação deflagrada pela Polícia Federal em 3 de maio de 2023, o celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apreendido como parte da investigação sobre fraudes em certificados de vacinação. O que poucos imaginavam, porém, era o que seria encontrado dentro do aparelho.
Nesta segunda-feira (28), o jornal Estadão trouxe à tona uma série de áudios inéditos que abrem uma janela perturbadora para os bastidores da oposição bolsonarista. As gravações não apenas expõem articulações políticas sensíveis, mas sugerem tentativas veladas de minar instituições, travar batalhas ideológicas no Congresso e garantir blindagem pessoal diante de investigações em curso.
Uma CPI que não saiu do papel — mas gerou calafrios
Um dos trechos mais impactantes revela uma conversa entre Bolsonaro e o deputado Hélio Lopes (PL-RJ). É abril de 2023. Em tom tenso, Lopes demonstra receio em assinar um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra ministros do Supremo Tribunal Federal — especialmente Alexandre de Moraes, desafeto declarado do ex-presidente.
A resposta de Bolsonaro não deixa dúvidas sobre sua posição:
“Eu assinaria. Sempre existe a possibilidade de retaliações.”
Na sequência, o deputado confirma que cedeu à pressão e assinou. A CPI, proposta ainda em 2022 por Marcel Van Hattem (Novo-RS), nunca saiu do papel. Mas o áudio lança luz sobre uma articulação que, nos bastidores, revela a disposição de Bolsonaro em confrontar o Judiciário — mesmo fora do cargo.
Guerra contra o “PL da Censura”: os bastidores da ofensiva bolsonarista
Em outra gravação, datada de 2 de maio de 2023, Bolsonaro convoca o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para uma ação coordenada contra o Projeto de Lei das Fake News, apelidado por eles de “PL da Censura”.
“Vai pra votação hoje,” alerta o ex-presidente com urgência na voz.
O projeto, que busca combater a desinformação em plataformas digitais, é visto por apoiadores de Bolsonaro como uma ameaça direta à liberdade de expressão — ou, como defendem, à sua base digital. A pressão para barrar o avanço do texto demonstra que, mesmo fora da cadeira presidencial, Bolsonaro continuava a operar como comandante de sua tropa ideológica no Congresso.
Um convite que veio do Oriente Médio
Num tom menos bélico, mas igualmente revelador, outro áudio envolve Yossi Shelley, ex-embaixador de Israel no Brasil e atual residente nos Emirados Árabes Unidos. Em fim de abril de 2023, Shelley oferece a Bolsonaro uma viagem de duas semanas a Israel, com direito a hospedagem para ele, Michelle Bolsonaro e mais um acompanhante.
“Vou cuidar de você por 14 semanas… digo, 14 dias,” brinca Shelley.
Bolsonaro responde com cautela:
“Obrigado. Vou falar com a esposa e ver o que ela acha.”
Michelle, segundo os áudios, nunca respondeu.
Agro, apoio e suspeitas em Ribeirão Preto
Entre críticas ao governo Lula e temores sobre o avanço de demarcações indígenas, Bolsonaro encontra refúgio na casa do empresário Paulo Junqueira, em Ribeirão Preto, durante a Agrishow. O que seria apenas uma visita estratégica ao coração do agronegócio, ganha contornos suspeitos quando se considera que Junqueira já foi citado em investigações da PF, acusado de repassar dinheiro vivo para cobrir despesas do ex-presidente nos Estados Unidos.
A aproximação, em pleno cenário de tensão política, levanta questionamentos: seria apenas apoio logístico ou parte de uma rede de financiamento informal da oposição?
8 de Janeiro: o vídeo, o medo e o alerta
Outro momento delicado surge em um áudio trocado entre Bolsonaro e seu assessor Tércio Arnaud Tomaz, apontado como um dos operadores do chamado “gabinete do ódio”. Bolsonaro envia um vídeo do 8 de Janeiro, em que um invasor mexe no relógio histórico do Planalto. Tércio confirma a autenticidade do material, mas faz um alerta incisivo:
“Se for disparar no zap, cuidado. Podem te arrolar mais nesse processo.”
A cautela revela um Bolsonaro menos impulsivo, mais ciente do risco jurídico que o ronda desde os ataques golpistas daquele domingo sombrio em Brasília.
O silêncio como estratégia
Procurados, os envolvidos optaram por não se pronunciar. A defesa de Bolsonaro também manteve o silêncio. Mas o conteúdo dos áudios, agora público, reacende debates sobre a atuação política de ex-presidentes e o uso da influência mesmo fora do cargo.
À medida que a investigação avança, o Brasil observa — com atenção e apreensão — os próximos passos de um personagem que, mesmo longe da cadeira do poder, continua no centro das decisões mais controversas do país.






