GRANDE DIA: Chega notícia tão esperada para Bolsonaro, ele vai pr… Ver mais

Coração da Paulista, Bolsonaro Rompe o Silêncio: “Estou com a Consciência Tranquila”
Por volta das 14h, a Avenida Paulista — normalmente barulhenta e apressada — parou. Algo diferente estava prestes a acontecer. Com bandeiras agitadas ao vento, um mar de verde e amarelo se formava diante do vão do MASP. Mas não era apenas mais uma manifestação. Era o cenário montado para o retorno de uma figura que, mesmo longe do Planalto, continua a dominar os holofotes: Jair Bolsonaro.
Sob o lema “Justiça Já”, a manifestação convocada pelo pastor Silas Malafaia neste domingo (29) trouxe à tona um enredo de suspense político e tensão crescente. Em meio às investigações que envolvem supostas articulações para impedir a posse do presidente Lula, o ex-presidente fez o que muitos esperavam — falou. E não foi com cautela. Foi com desafio.
O Ato e o Cenário: Uma Plateia Preparada Para Ouvir
A manifestação começou com clima de fervor e expectativa. O público — muitos trajando as cores da bandeira nacional, outros empunhando estandartes dos Estados Unidos e de Israel — ocupou os arredores do MASP. O palco, montado na intersecção da Avenida Paulista com a Alameda Ministro Rocha Azevedo, virou uma espécie de tribuna improvisada.
E então, ele surgiu. Jair Bolsonaro, cercado por apoiadores influentes, como os deputados Marco Feliciano, Bia Kicis, Gustavo Gayer e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Havia uma energia no ar — parte euforia, parte inquietação. Sabia-se que ele não deixaria barato.
Um Discurso de Desabafo e Provocação
Com tom firme, o ex-presidente não poupou palavras. Relembrou sua derrota em 2022 com visível amargura e, mais uma vez, apontou críticas duras ao Supremo Tribunal Federal.
Mas o clímax veio quando Bolsonaro se defendeu das acusações de tentativa de golpe. “Sou acusado por uma fumaça de golpe”, ironizou, numa fala que pareceu ensaiada para gerar manchete. Em sua narrativa, mesmo sem estar na presidência, afirma que poderia — com apoio no Congresso — “mudar o destino do Brasil.”
A plateia respondeu com aplausos e gritos de apoio. Era o que muitos ali queriam ouvir: a reafirmação de um líder que, mesmo investigado, ainda se coloca como alternativa viável para 2026.
Um Depoimento Carregado de Significados
Três dias antes, na terça-feira, Bolsonaro esteve diante do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para prestar depoimento no inquérito que investiga supostas articulações golpistas. Sem hesitar, negou tudo.
“As Forças Armadas cumprem missões legais. E missão ilegal, elas não cumprem”, declarou. Garantiu que não houve convocação do Conselho da República e que jamais cogitou decretar estado de sítio — elementos que, segundo ele, desmontam a tese de golpe.
Do lado jurídico, o depoimento correu com normalidade. Não houve provocação direta ou tumulto. A defesa aposta agora na narrativa da legalidade, tentando afastar o risco de medidas mais duras — como uma prisão preventiva.
“Não Me Preparo Para Prisão”
Foi essa frase, dita em tom irônico durante o intervalo da oitiva no STF, que incendiou as redes sociais. “Não me preparo para prisão.” Para uns, sinal de confiança. Para outros, provocação.
Seja qual for a leitura, o efeito foi imediato: Bolsonaro voltou ao centro da arena política e jurídica. E isso, em si, já altera o tabuleiro.
Tarcísio e Malafaia Entram em Cena
Em um discurso inflamado, o governador Tarcísio de Freitas defendeu anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e atacou o que chamou de perseguição política. “Não há democracia tirando uma pessoa das urnas”, disse, em clara referência à inelegibilidade de Bolsonaro.
O pastor Silas Malafaia, organizador do evento, também não poupou críticas. Atacou o Supremo por decisões recentes que responsabilizam plataformas por postagens ofensivas, chamando isso de “censura disfarçada.”
E Agora?
A pergunta que ecoa é simples: qual será o próximo passo?
O ex-presidente deixou claro que não vai recuar. Mesmo sem mandato, permanece politicamente ativo e vocal. Seus aliados reforçam o coro por justiça, enquanto o STF continua colhendo depoimentos e provas.
Por trás dos discursos e das bandeiras, o cenário é de tensão contida. A investigação ainda está em curso. E, embora a prisão de Bolsonaro pareça improvável neste momento, o risco político está longe de ser dissipado.
O país assiste. De um lado, os que ainda o veem como a salvação. Do outro, os que enxergam nele a ameaça à democracia. No meio, uma nação que tenta entender se a fumaça que se espalha é apenas cortina de fumaça — ou se há fogo por trás do discurso.
Uma coisa é certa: o palco da Avenida Paulista pode ter sido o início de uma nova fase — e não o fim — do embate entre Bolsonaro e as instituições.
