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Preta Gil: A última jornada de uma estrela que nunca deixará de brilhar

Por trás dos sorrisos públicos, havia uma luta silenciosa — e comovente.

Neste domingo, 20 de julho, o Brasil amanheceu mais silencioso. A música perdeu uma voz marcante. A arte perdeu uma figura vibrante. E o país, uma mulher cuja coragem inspirou milhares. Aos 50 anos, Preta Gil nos deixou após uma dura e longa batalha contra o câncer. A notícia, confirmada pela assessoria da artista, foi inicialmente divulgada pelo portal Leo Dias e logo se espalhou como um lamento nacional.

Mas antes da despedida, houve uma travessia marcada por fé, dor e uma rara honestidade diante da finitude.

O início de uma luta que emocionaria o país

Janeiro de 2023. O diagnóstico: câncer no intestino. Para muitos, seria o início de um caminho silencioso. Para Preta, foi o ponto de partida para um relato público e corajoso. Sem filtros. Sem heroísmo forçado. Ela dividiu cada etapa com seus seguidores — as dores, as esperanças, os avanços, os retrocessos. Tornou-se, sem pretensão, símbolo de força para quem enfrentava batalhas similares.

A primeira cirurgia veio em agosto daquele ano. O tumor foi retirado, e com ele, nasceu uma nova esperança. Em dezembro, ela celebrou o que parecia o fim do pesadelo. Mas o destino tinha outras páginas a escrever.

O baque da recaída e a escalada do desespero

Em agosto de 2024, durante exames de rotina, a notícia que nenhum paciente quer ouvir: a doença havia voltado. E pior, com mais força. Quatro novos tumores surgiram — dois nos linfonodos, um no ureter e uma metástase no peritônio, uma região delicada e difícil de tratar.

A partir dali, tudo mudou. A rotina de cuidados virou um campo de batalha em tempo integral. Preta voltou a usar cateter, passou por uma cirurgia de emergência por conta de cálculos renais e enfrentou dores intensas, físicas e emocionais. Mesmo assim, ela não se escondeu. Continuou compartilhando sua rotina com o público — com uma sinceridade rara, que não mascarava o sofrimento, mas também não desistia da esperança.

Uma cirurgia arriscada e o silêncio antes da tempestade

Foi em novembro que médicos decidiram tentar uma última e complexa alternativa: uma cirurgia que durou 21 horas. Uma tentativa extrema. A esperança persistia, mas era frágil. Depois do procedimento, Preta seguiu internada, lutando contra o tempo e a evolução da doença.

Foi nesse momento que a fé deu lugar à lucidez. Em uma entrevista exibida em agosto do ano passado, ela relembrou um dos momentos mais íntimos e marcantes de toda a jornada: uma conversa com o pai, Gilberto Gil. “Se estiver muito pesado pra você, vai, se deixa ir”, disse o cantor à filha, em meio a uma crise de infecção generalizada. Pela primeira vez, alguém verbalizava o indizível. Ela podia partir. E isso, paradoxalmente, foi libertador.

A última tentativa: uma viagem interrompida

No início de julho, Preta decidiu buscar novos tratamentos nos Estados Unidos. Centros médicos de ponta em Nova York e Washington tornaram-se sua última esperança. Ela demonstrava sinais de melhora. Estava determinada a retornar ao Brasil. Mas o retorno não aconteceu.

Já a caminho do aeroporto, ela passou mal. Foi levada às pressas de volta ao hospital. E ali, seu quadro se agravou irreversivelmente.

Uma despedida que o Brasil ainda não sabe aceitar

Preta Gil era mais do que filha de Gilberto Gil. Mais do que cantora, apresentadora, ativista. Ela era presença. Era uma mulher que rompeu padrões, enfrentou preconceitos, usou sua visibilidade para empoderar, questionar, inspirar.

Sua morte gerou uma onda de comoção imediata. Artistas, políticos, fãs e anônimos usaram as redes sociais para expressar o que as palavras pouco conseguem traduzir: a dor de perder alguém que, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca deixou de ser luz.

Uma herança de coragem e humanidade

Ao nos despedirmos de Preta Gil, não estamos apenas lamentando a ausência de uma artista. Estamos reconhecendo o impacto de uma mulher que teve a coragem de ser vulnerável em público. Que mostrou que o medo e a fé podem andar juntos. Que não precisou vencer o câncer para ser uma vencedora.

Sua última conversa com o pai ecoa como uma oração para todos nós: aceitar a finitude não é desistir, é entender que a luta também pode ser amor — inclusive, o amor de saber a hora de descansar.

Preta se foi. Mas sua voz continua. Em cada canção, em cada memória, em cada mulher que ousa ser quem é, sem pedir licença. A estrela agora brilha em outro palco. E seu legado, esse sim, é eterno.