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Esse é o verdadeiro motivo por Brasileira que caiu em vulcão não ser resgatada… Ver mais

Mistério nas Alturas: a Trágica Jornada de Juliana Marins no Coração Selvagem da Indonésia

Por trás de paisagens deslumbrantes, um pesadelo de abandono, negligência e silêncio mortal.


No sopé do imponente Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, o ar é rarefeito e a natureza reina com força bruta. Entre trilhas que serpenteiam por encostas vulcânicas e neblinas que engolem montanhas inteiras, uma história de aventura se transformou em tragédia. E a protagonista desse enredo doloroso foi a brasileira Juliana Marins, de apenas 26 anos.

Juliana não era turista por acaso. Apaixonada por viagens, vivia em busca do extraordinário. O que ela não sabia, no entanto, é que aquele segundo dia de trilha, em 20 de junho, marcaria o início de sua última jornada — solitária, silenciosa e cruel.

A queda e o abandono

Em meio ao trajeto, enquanto o grupo avançava pela trilha escarpada, Juliana sofreu uma queda de cerca de 300 metros. Um tombo brutal, numa área de difícil acesso, cercada por rochas instáveis e neblina densa. Até aqui, seria uma tragédia com potencial de resgate. Mas o que aconteceu a seguir transformou o acidente em algo ainda mais obscuro: Juliana foi deixada para trás.

Segundo relatos da família, o guia local — responsável por zelar pela integridade de todos — simplesmente ignorou o ocorrido. Sem prestar socorro, seguiu com o grupo. E o silêncio, no topo do mundo, foi tudo o que restou à jovem brasileira.

A trilha seguiu. Juliana ficou. Sozinha, ferida e sem qualquer assistência.

O alerta que veio pelas redes sociais

O desaparecimento só veio à tona graças a um gesto inesperado. Turistas espanhóis, que teriam presenciado a queda ou seus desdobramentos, usaram as redes sociais para tentar contatar os familiares no Brasil. A informação, recebida de forma abrupta, mergulhou a família Marins em um pesadelo logístico e emocional — em uma terra distante, com fuso horário diferente, burocracias diplomáticas e uma avalanche de desinformações.

Ainda assim, o mais estarrecedor estava por vir: Juliana sobreviveu à queda.

86 horas de luta

Sim, ela estava viva.

Foram cerca de 86 horas — quase quatro dias inteiros — lutando contra frio intenso, fome, ferimentos e o pavor do isolamento. Presa em um platô de difícil acesso, Juliana permaneceu consciente, esperando por uma ajuda que teimava em não chegar.

Na segunda-feira, 23 de junho, um drone equipado com sensor térmico conseguiu detectá-la com sinais vitais. Mas o alívio inicial logo deu lugar a uma nova camada de horror: o resgate levaria ainda mais um dia para acontecer. Tempo demais.

Despreparo e negligência escancarados

Impedidos pela neblina de usar helicópteros, os socorristas enfrentaram outro desafio: não possuíam cordas longas o suficiente para alcançar a vítima. Um dos membros da equipe de resgate, após avançar meros 250 metros em um dia, desistiu — alegando falta de equipamentos adequados. Restavam apenas 350 metros.

A demora custou caro. Quando finalmente conseguiram alcançá-la, Juliana já havia perdido a batalha contra o tempo.

A versão oficial e a indignação da família

Como se não bastasse a dor, um vídeo divulgado pela embaixada brasileira e autoridades indonésias afirmava que Juliana teria sido atendida e recebido água ainda no sábado, 21. A informação foi prontamente desmentida por Mariana Marins, irmã da jovem, que afirmou que a família só teve confirmação de sua localização dois dias depois.

A “fake news diplomática” gerou revolta. E mobilizou o Itamaraty, que passou a pressionar o governo indonésio por respostas, enviando representantes a Lombok para acompanhar de perto o caso.

Um pai impedido de estar presente

Enquanto tudo isso acontecia, outro capítulo dramático se desenrolava na Europa. Manoel Marins Filho, pai de Juliana, tentava embarcar rumo à Indonésia. No entanto, devido ao fechamento do espaço aéreo no Catar por conta das tensões entre Irã e Israel, sua viagem foi interrompida em Lisboa. Desolado, ele não pôde acompanhar o resgate da filha. “Estou preso num aeroporto enquanto minha filha espera ajuda do outro lado do mundo”, lamentou, em prantos.

Turismo de aventura ou roleta russa?

A tragédia de Juliana escancarou um problema maior: a fragilidade da estrutura turística em destinos considerados exóticos e extremos. Quantos outros turistas, seduzidos por imagens paradisíacas nas redes sociais, têm plena noção dos riscos que correm?

Faltou tudo: preparo do guia, equipamentos básicos de resgate, comunicação eficaz, apoio consular ágil. E sobrou silêncio — um silêncio que mata.

O grito que ficou

Juliana Marins buscava liberdade nas alturas, mas encontrou abandono no meio do caminho. Sua morte não pode ser apenas estatística. É um alerta. Para agências de turismo irresponsáveis, para autoridades inoperantes, e para todos que romantizam trilhas perigosas sem as garantias mínimas de segurança.

A jovem agora volta ao Brasil em um caixão. Sua história, no entanto, continua ecoando como um chamado urgente por mudança. Porque nenhuma paisagem vale uma vida.