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Essas foram as últimas palavras de Juliana Marins ao cair no vulcão: ‘Não posso mo…’

A Trilha Final de Juliana Marins: As Palavras que Ecoaram Antes do Silêncio

Uma jovem, uma viagem dos sonhos, e um destino que ninguém esperava. O que Juliana Marins deixou para trás vai muito além de memórias — são marcas profundas de uma vida que buscava sentido nas alturas… até o último passo.

Na vastidão das paisagens indonésias, onde o céu toca as nuvens e o solo esconde armadilhas naturais, Juliana Marins viveu seus últimos momentos. Aos 26 anos, a publicitária e dançarina brasileira parecia invencível. Com espírito inquieto e sorriso fácil, ela decidiu cruzar o Sudeste Asiático sozinha — e com coragem — em busca de algo que nem ela talvez soubesse nomear.

Era fevereiro de 2025 quando Juliana partiu. Seu destino: as belezas tropicais da Ásia, de onde compartilhava registros vibrantes em suas redes sociais. Dançando ao pôr do sol, mergulhando em águas cristalinas, rindo com estranhos que logo viravam amigos — suas fotos contavam uma história de liberdade. Mas por trás dos filtros e legendas inspiradoras, o destino costurava um desfecho inesperado.

O Caminho até o Rinjani

Juliana havia passado pelas Filipinas, Vietnã, Tailândia… cada parada uma página de um diário visual. Em junho, chegou à Indonésia com uma meta ousada: escalar o Monte Rinjani, o segundo vulcão mais alto do país. Com seus 3.726 metros, o Rinjani é tão belo quanto traiçoeiro — neblina espessa, penhascos vertiginosos e trilhas que testam corpo e mente.

Na madrugada de 21 de junho, já no segundo dia da caminhada, Juliana encarava um dos trechos mais desafiadores. Frio, exaustão e visibilidade quase nula desenhavam um cenário preocupante. Ela seguia acompanhada de um grupo de turistas e guias. Mas foi no silêncio solitário de um momento de descanso que o destino decidiu agir.

As Últimas Imagens

Horas antes da tragédia, uma turista italiana, Federica Matricardi, registrou Juliana em vídeo no cume do vulcão. A cena, hoje carregada de peso, mostra a brasileira sorrindo diante da decepção pela paisagem encoberta por nuvens. Sua voz surge tranquila, até brincalhona:
“Viemos pela vista. Então… estou feliz.”

O comentário, dito com leveza, tornou-se seu epitáfio involuntário. Juliana estava exausta, mas ainda assim, serena. Momentos depois, afastou-se do grupo alegando que precisava descansar. O guia combinou de reencontrá-la mais à frente. Ela nunca chegou.

Sozinha em um dos trechos mais perigosos da trilha, Juliana escorregou. A queda foi longa: 300 metros por uma encosta rochosa e escorregadia. Quando turistas espanhóis a localizaram com um drone, ela ainda estava viva — imóvel, mas consciente, acenando por socorro. Um grito silencioso que atravessou o mundo digital.

A Luta pelo Resgate

Durante quatro dias, equipes de resgate tentaram alcançá-la. Mas a neblina densa, as chuvas persistentes e o terreno instável transformaram a operação em um pesadelo. Cada hora que passava era uma batalha contra o tempo — e contra a esperança. Quando finalmente conseguiram chegar até ela, já não havia sinais vitais.

A tragédia não foi apenas geográfica. Ela reverberou nas redes sociais, nas mensagens da família, nos corações de amigos que acompanhavam, a distância, sua jornada.

Palavras Que Ficam

Em meio às recordações, uma postagem no Instagram se destacou. No dia 27 de maio, quase um mês antes do acidente, Juliana escreveu sobre uma chamada de vídeo com a família:

“Hoje liguei pra eles chorando de saudade. Terminei a ligação com um sorrisão no rosto, rindo das bobeiras dos meus pais, e com uma paz no coração por ter vindo ao mundo nessa família.”

Era mais que saudade. Era pressentimento? Era o tipo de mensagem que, depois da partida, se transforma em testamento.

Outra publicação feita na Tailândia mostrava uma Juliana reflexiva, mais íntima de si mesma:

“Tenho aprendido a me concentrar no meu corpo e em tudo que ele é capaz de fazer, por dentro e por fora.”

Essas palavras ecoam agora com uma força quase mística. Uma jovem em profunda conexão com a vida, sem saber que ela estava prestes a escapar por entre os dedos.

Um Legado de Coragem

Juliana Marins não era apenas uma viajante. Era alguém em busca de sentido — e talvez, sem perceber, estivesse encontrando. Sua história não termina na queda. Termina na inspiração que deixa: viver intensamente, amar com sinceridade e respeitar os próprios limites, mesmo quando se está no topo do mundo.

Sua jornada, marcada por coragem, leveza e intensidade, é um lembrete brutal de que a aventura da vida é tão bela quanto frágil.