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Cuidado: Criança perde movimento das pernas e visão após picada d… Ver mais

Um menino de três anos sofreu consequências graves após ser picado por um escorpião em Barbalha, Ceará. Raimundo Neto estava na casa da tia quando foi atacado. Sua mãe o levou rapidamente ao hospital, chegando lá em cerca de 30 minutos.

Inicialmente, Raimundo passou por exames e ficou em observação, apresentando sinais normais, como comer e se comunicar. No entanto, sua condição se agravou repentinamente, e ele foi levado às pressas para a UTI. Quase 12 horas após a internação, o menino sofreu um edema agudo de pulmão que resultou em quatro paradas cardiorrespiratórias, segundo relatos da família. Raimundo permaneceu 33 dias internado na UTI, sendo 11 deles intubado.

A mãe de Raimundo descreveu o momento como devastador: “Vocês têm que ser fortes porque o filho de vocês está em estado gravíssimo”, disse a médica. “O chão se abriu para mim. Só lembrava do rostinho do meu filho, da experiência dele, tinha acabado de iniciar na escolinha. É como se eu estivesse vivendo um pesadelo desde aquele dia até hoje.”

Raimundo deu entrada no hospital em 21 de maio e recebeu alta em 09 de junho. Os pais têm buscado especialistas para analisar as sequelas. Uma neuroftalmologista informou que a cegueira de Raimundo é irreversível. Além disso, ele precisa de acompanhamento neurológico e medicamentos diários para problemas cardíacos, o que compromete parte significativa da renda familiar.

Os pais também levantaram questões sobre a aplicação do soro antiescorpiônico. Eles acreditam que a demora na administração do soro pode ter contribuído para as graves sequelas. O soro só foi administrado no dia seguinte à internação, quando Raimundo já estava na UTI.

“Será que o soro não teria servido antes para prevenir tudo isso? Se lá em cima ele começou a fazer efeito… Será que se tivessem dado antes não teria evitado todas essas sequelas no meu filho? Essas são as perguntas que eu me faço e eu só queria respostas”, desabafou a mãe. Até o momento, o hospital não forneceu esclarecimentos sobre o procedimento adotado.

Picadas de escorpião podem levar a complicações severas. Um estudo da Universidade de São Paulo, publicado na revista Nature, demonstrou que em casos graves, ocorre uma reação neuroimune sistêmica, com produção de mediadores inflamatórios que liberam neurotransmissores. O estudo sugere que o bloqueio do processo inflamatório pode ser realizado com corticoides, que devem ser administrados quase imediatamente após a picada.

No entanto, a administração de corticoides não elimina a necessidade do soro antiescorpiônico. A pesquisa reforça a importância da aplicação imediata do soro para prevenir complicações graves e potencialmente fatais. A tragédia de Raimundo Neto ressalta a urgência e a importância de um tratamento rápido e eficaz em casos de picadas de escorpião.