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Brasileira é encontrada no vulcão com estado ‘visualmente imóvel’ e em pro…Ver Mais

Desaparecida no vulcão: o drama de Juliana Marins no coração selvagem da Indonésia

Por trás da névoa espessa de um dos vulcões mais perigosos da Indonésia, um drone capturou uma imagem que paralisou corações a milhares de quilômetros dali: o corpo aparentemente imóvel de uma brasileira desaparecida havia mais de dois dias. Era o início de um novo capítulo de uma história marcada por incerteza, coragem e uma corrida contra o tempo.

Na manhã desta segunda-feira (23), autoridades da Indonésia confirmaram o que há mais de 48 horas mantinha amigos e familiares em suspense absoluto: Juliana Marins, publicitária brasileira que fazia uma trilha sozinha no Monte Rinjani, foi localizada. A notícia, no entanto, veio acompanhada de mais perguntas do que respostas — e de um cenário assustador.

Um resgate que desafia a lógica

Juliana, de 34 anos, estava desaparecida desde o último sábado, quando sua comunicação com o mundo externo cessou durante uma caminhada em uma das trilhas mais remotas do Monte Rinjani, o segundo vulcão mais alto do país, com mais de 3.700 metros de altitude. Ela viajava sozinha pelo Sudeste Asiático em um roteiro alternativo que compartilhava nas redes sociais, seguido por milhares de pessoas.

O que deveria ser apenas mais uma travessia tornou-se um drama internacional quando ela não apareceu no ponto de encontro combinado com outros viajantes. Foi o suficiente para que buscas fossem iniciadas ainda na noite de domingo. Na manhã seguinte, veio o primeiro sinal: um drone de busca, enviado pelo Parque Nacional Gunung Rinjani, captou uma silhueta humana em uma encosta estreita, a cerca de 500 metros abaixo da trilha principal.

A imagem foi registrada durante uma rara abertura na neblina densa da região. O corpo — identificado posteriormente como sendo de Juliana — parecia imóvel, exposto às intempéries, sem qualquer proteção visível. Estava em um ponto de difícil acesso, à beira de um penhasco, onde nenhum sinal de movimentação foi observado nas horas seguintes.

A escalada impossível

Equipes de resgate locais foram mobilizadas imediatamente, mas o terreno revelou-se um inimigo implacável. A encosta onde Juliana está presa é composta por rochas soltas e fendas profundas. Duas saliências a 350 metros impediram a instalação de ancoragens para uma descida segura, tornando a operação extremamente arriscada.

“Não há como chegar até ela sem escalada vertical direta”, relatou um dos membros da equipe de resgate. “E mesmo isso é um risco. O solo vulcânico é instável e os ventos estão mudando a cada hora.”

Diante do perigo iminente de deslizamentos, os socorristas recuaram, aguardando uma janela de clima mais favorável. O tempo, porém, corre contra eles.

Intervenção política e esperança aérea

A gravidade da situação chamou atenção das autoridades. O governador da província de Sonda Ocidental convocou uma reunião emergencial nesta segunda-feira. A solução mais audaciosa — e talvez a única viável — começou a ser considerada: o resgate aéreo.

A ideia do uso de um helicóptero foi colocada sobre a mesa, embora com ressalvas. Voar na região do Monte Rinjani é extremamente delicado. Mudanças súbitas de clima, ventos fortes e visibilidade limitada tornam qualquer voo uma missão de alto risco.

“O tempo é nosso maior inimigo agora”, afirmou o governador em uma coletiva. Ele se referia ao chamado tempo dourado, as primeiras 72 horas após um desaparecimento em ambientes selvagens, período crucial para a sobrevivência.

Juliana já havia ultrapassado 48 horas de exposição total à natureza, sem abrigo, sem comida visível e possivelmente ferida.

O Brasil em vigília

Enquanto o governo local avalia as condições para uma nova tentativa de resgate, o caso de Juliana tomou conta das redes sociais. Hashtags com seu nome viralizaram, e milhares de pessoas no Brasil acompanham cada nova atualização como se participassem de um mesmo sentimento coletivo de angústia e esperança.

Familiares evitam entrevistas, mas fontes próximas confirmam que estão em contato direto com o Itamaraty, que já acionou as autoridades indonésias e está acompanhando de perto a operação de resgate.

Um desfecho ainda incerto

A história de Juliana Marins, até aqui, é uma prova dura da vulnerabilidade humana frente à natureza selvagem. Mas também é um retrato da resistência, da fé e da força coletiva de um país que agora aguarda por um desfecho — seja ele qual for.

Novas tentativas de resgate estão previstas para as próximas horas. Cada minuto conta. Cada rajada de vento pode mudar tudo.

E no meio da neblina, a esperança ainda persiste.