Brasil de luto: Acabamos de perder grande ATOR dos Trapalhões, descanse em D… Ler mais

Morre Farnetto, o Gênio do Riso que Fez o Brasil Sorrir por Sete Décadas
Uma voz calou-se. Um rosto se despediu. Mas o riso, esse ainda ecoa.
Na manhã de quinta-feira, o Brasil despertou com uma notícia que ninguém estava preparado para receber — Pedro Farah, conhecido e amado por gerações como Farnetto, faleceu aos 95 anos no Rio de Janeiro. E com ele, parte da história da televisão brasileira encerrou um capítulo memorável.
Mas o que aconteceu nas últimas horas de vida desse artista que fez a nação rir por mais de sete décadas?
O Último Ato
Foi por volta das 7h da manhã, no discreto apartamento em Ipanema, que a rotina foi interrompida por um silêncio repentino. Pedro, segundo a filha Ivete Farah, teve uma queda súbita de pressão enquanto se preparava para o café da manhã. Ele ainda tentou se levantar, mas não conseguiu chamar por ajuda.
Socorrido às pressas e levado ao hospital Copa D’Or, em Copacabana, Farnetto teve um infarto fulminante durante os procedimentos de emergência. Os médicos lutaram por quase uma hora, mas a vida do eterno comediante já havia partido. Era o fim de uma era.
O Brasil Chora. E Agradece.
Minutos após a confirmação da morte, uma avalanche de homenagens inundou as redes sociais. Humoristas, atores veteranos, jovens influenciadores e anônimos prestaram tributos emocionados. “Ele era o riso no momento da lágrima”, escreveu o ator Marcos Veras. Já a atriz Regina Duarte publicou: “Tive o privilégio de dividir cena com um mestre da leveza. Farnetto fez da arte um lar.”
Mas afinal, quem foi esse homem que atravessou a história da TV com uma habilidade rara: fazer rir com inteligência e verdade?
O Início de Tudo: Um Palco Sem Luzes
Nascido em 1930, quando a televisão brasileira ainda era um sonho distante, Pedro Farah começou sua carreira nos palcos do teatro amador, no subúrbio carioca. Naquela época, os artistas precisavam improvisar sem microfone, sem cenário, e quase sempre, sem salário. Mas Pedro tinha algo que ninguém podia negar: presença.
O apelido “Farnetto” surgiu por acaso, numa esquete improvisada, quando encarnou um músico italiano atrapalhado — e nunca mais largou o personagem. O nome colou. O humor também.
Dos Estúdios Improvisados à Glória na Globo
Foi nos anos 60 que a televisão começou a brilhar de verdade, e Pedro Farah brilhou junto. Contratado pela TV Globo nos anos 70, ele participou de mais de 30 novelas e programas humorísticos. Entre eles, Os Trapalhões, Planeta dos Homens e Zorra Total. Mas foi em Chico City que Farnetto se tornou um rosto familiar em milhões de lares.
Com personagens caricatos, mas sempre humanos, ele não apenas arrancava gargalhadas — ele fazia o público se reconhecer. A tia fofoqueira, o vizinho exagerado, o garçom atrapalhado — todos viviam nele. E todos viviam nele, porque ele os observava na rua, no ônibus, na feira. “O humor nasce do cotidiano”, dizia em entrevistas raras.
Discreto Fora das Câmeras, Gigante em Cena
Apesar da fama, Pedro sempre foi avesso a holofotes fora da cena. Morava no mesmo endereço há mais de 40 anos, frequentava a mesma padaria e fazia questão de não ter motorista. “Quero ouvir as pessoas. É dali que vem a graça”, disse certa vez.
Segundo amigos próximos, ele vivia rodeado de roteiros antigos, fitas VHS e recortes de jornais com críticas e elogios. Um artista que colecionava memórias como quem coleciona medalhas — não por vaidade, mas por gratidão.
O Legado Que Não Morre
A partida de Farnetto representa muito mais do que o adeus a um ator. É o fim de uma geração que construiu a TV brasileira com suor, improviso e paixão. Ele viveu a transição do preto e branco para o digital. Riu com o país nos tempos da ditadura e fez rir em tempos de crise econômica.
“Meu pai dizia que o humor salva vidas. E eu acredito que ele salvou muitas com seu talento”, declarou Ivete, emocionada.
Nos próximos dias, a TV Globo deve reprisar programas com participações icônicas de Farnetto, e um documentário sobre sua vida já está em produção, previsto para estrear no streaming ainda este ano.
Despedida, Sim. Esquecimento, Jamais.
Enquanto o Brasil se despede, uma certeza permanece: Farnetto não será esquecido. Seus personagens continuam vivos em vídeos, bordões e lembranças. Ele foi mestre do riso, mas também um espelho da alma brasileira — resiliente, criativa, calorosa.
E quando alguém, em algum futuro distante, perguntar: “Quem foi Farnetto?”, basta responder:
— Ele foi aquele que, com um simples olhar, nos lembrava de que rir também é resistir.
