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Morte de médico causa grande comoção se ele iria casar: “Estava voltando quan…Ver Mais

O Amor Interrompido: A Tragédia do Médico Que Morreu Três Dias Antes do Casamento

Por volta das 11h da manhã, o que era para ser apenas mais um dia comum se transformou em silêncio, sirenes e despedidas.

Era 28 de maio de 2025. O relógio marcava exatamente 11h08 quando o carro dirigido pelo médico Leonardo Miranda Ramos, 33 anos, colidiu violentamente na traseira de um caminhão carregado de laranjas, no km 148 da Rodovia SP-261. O que teria sido apenas mais um retorno para casa após o plantão terminou em tragédia.

O destino foi implacável. Leonardo morreu três dias antes de dizer “sim” no cartório para Geovanna Araújo, sua noiva de 28 anos. A cerimônia estava marcada, os convites haviam sido entregues, as alianças já tinham seus nomes gravados, e a lua de mel em Paraty estava paga.

Mas tudo que restou foi a caixinha de veludo… e um futuro que não chegou.

Um Encontro Acelerado Pelo Amor

Tudo começou rapidamente, como um roteiro acelerado de filme romântico. Março de 2025. Leonardo e Geovanna se conheceram numa igreja evangélica em Bauru. Um olhar cruzado no culto, um café depois e, em sete dias, estavam morando juntos. Em menos de um mês, o pedido de noivado foi feito.

“Foi amor à primeira vista”, relembra Geovanna, agora com os olhos marejados.

Ambos sonhavam com mais do que um lar: queriam empreender juntos. Ele, exausto das madrugadas no hospital, desejava abrir uma clínica de estética. Ela, formada em administração, pediu demissão do banco para se dedicar ao novo projeto. Estavam prontos para construir uma vida a dois, tijolo por tijolo.

Nas redes sociais, Leonardo documentava tudo: o nome da clínica, as buscas por uma casa com quintal, os vídeos desafinados no violão cantando “Que Amor é Esse?”. Os seguidores se encantavam com a leveza do casal.

A Noite Antes do Fim

Na véspera do acidente, terça-feira, os dois celebraram mais um passo rumo ao altar com um jantar italiano. Riram, brindaram com vinho tinto e brincaram sobre quem trocaria a primeira fralda do bebê que ainda nem existia.

Naquela noite, uma garoa fina caía sobre Bauru — um prenúncio melancólico.

Na manhã seguinte, às 6h, Leonardo deixou a casa com destino a Jaú. “Te ligo quando chegar”, prometeu. A ligação nunca veio. No lugar dela, horas depois, um telefonema do Instituto Médico Legal.

Rodovia da Morte?

O inquérito policial ainda está em aberto. A Delegacia de Bariri aguarda o laudo do Instituto de Criminalística de Bauru. Há relatos de que o caminhão estava lento e sem luz de freio. A concessionária Entrevias alega que a manutenção do trecho estava em dia. A Artesp, até o momento, não se pronunciou.

Enquanto isso, especialistas apontam a falta de sinalização como uma das causas mais prováveis. O trecho da SP-261 é conhecido entre motoristas por sua precariedade: buracos, sinalização falha, ausência de iluminação. A rodovia coleciona estatísticas preocupantes — e agora, um nome e um rosto.

Um Legado Que Pode Salvar Vidas

No dia 28 de junho, a tragédia completou um mês. Amigos e familiares se reuniram para uma homenagem simbólica: um minuto de silêncio e uma petição lançada na internet, pedindo melhorias urgentes no km 148.

A meta é clara: evitar que outras famílias recebam ligações do IML, em vez de mensagens de “cheguei”.

Geovanna tenta seguir. Está retomando os estudos em gestão de saúde e pensa em inaugurar a clínica, como forma de manter vivo o sonho que era dos dois. “A dor ainda é insuportável, mas quero transformar isso em algo bom, em algo que ele se orgulharia”, diz.

Nas redes, as homenagens não param. Colegas de profissão falam da generosidade do plantonista que distribuía café para os vigilantes durante a troca de turno. Ex-pacientes citam o tom de voz sereno que acalmava diagnósticos difíceis.

Uma História Que Tocou o Brasil

O caso ganhou repercussão nacional após o jornalista Marcelo Bonfim compartilhar no X (antigo Twitter) a história do “médico que morreu às vésperas do altar”. A publicação emocionou milhares.

É difícil não se comover com a brutalidade de um fim tão abrupto, com a ironia de um futuro tão cuidadosamente planejado ser interrompido sem aviso. Leonardo, que dedicou a vida a salvar outras, teve a própria ceifada por uma rodovia que não soube cuidar da sua.

Mas se depender de quem o amava, seu legado não será silêncio.

Será mudança.