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Essas foram as últimas palavra de um passageiro do Balão: “Eu tenho que m…. Ver mais

“Pulem Agora!” – A Última Ordem do Piloto e o Gesto Heróico do Médico: Tragédia em Balão em SC Revela Instantes de Coragem no Meio das Chamas

Por Redação | Praia Grande (SC)

O céu estava limpo, o sol nascia timidamente no horizonte e o silêncio das alturas sugeria paz. Mas a tranquilidade da manhã do dia 21 de junho de 2025, em Praia Grande, Santa Catarina, foi rasgada por gritos desesperados e uma coluna de fumaça que desenhava no ar o contorno de uma tragédia: um balão de ar quente em chamas, girando fora de controle com 21 pessoas a bordo.

O passeio turístico, anunciado como uma experiência inesquecível, realmente foi — mas por razões devastadoras. O incêndio a bordo terminou com oito mortos e uma cidade em choque. Entre as vítimas, estava o renomado oftalmologista Dr. Andrei Gabriel de Melo, de 34 anos, cuja postura até os últimos segundos da vida comoveu os sobreviventes e profissionais de resgate. Já o piloto, Elvis de Bem Crescêncio, conseguiu sobreviver, mas não sem deixar para trás um grito que ecoa como símbolo de desespero e bravura:
“Pulem! Pulem agora!”

O Início do Pesadelo nas Alturas

O balão pertencia à empresa Sobrevoar, especializada em voos panorâmicos na região. Ainda em altitude, os primeiros sinais de falha surgiram: o maçarico reserva, instalado no cesto, apresentou um vazamento de gás. Em segundos, o fogo se alastrou.

“Foi muito rápido. Um som de estalo, uma labareda e, logo depois, caos”, relatou uma das passageiras sobreviventes, ainda em estado de choque.

Enquanto as chamas consumiam a base do balão, o piloto tomou uma decisão desesperada: orientar o salto. Não havia tempo para hesitação. “Pulem agora! Não esperem! Pulem!” — gritava Elvis, tentando manter o controle da aeronave em meio à fumaça e ao calor sufocante. Sua tentativa era clara: salvar o maior número de vidas possível, mesmo à custa de um pouso descontrolado e arriscado.

Treze pessoas, entre elas o próprio piloto, saltaram. O impacto feriu vários, mas foi o que os salvou. Para os que hesitaram — por medo, altura ou esperança de pouso — o destino foi trágico. Com a perda de peso, o balão subiu de novo, como se tentasse escapar da própria destruição, levando consigo os que não conseguiram saltar.

O Médico Que Não Abandonou Ninguém

Entre os que ficaram estava o Dr. Andrei Gabriel de Melo. Jovem, carismático, conhecido em Fraiburgo pelo seu profissionalismo e pela humanidade com que tratava cada paciente.

Ele poderia ter pulado. Tinha condições. Mas testemunhas afirmam que ele hesitou não por medo, mas por outros.

“Andrei não pensava em si. Ele tentava acalmar a todos. Ele segurava a mão da esposa, orientava outros passageiros. Disse: ‘Fiquem juntos, vamos tentar descer’”, contou um sobrevivente.

Sua esposa conseguiu saltar e sobreviveu com ferimentos moderados. Andrei, porém, permaneceu no balão, tentando ajudar os demais. Suas últimas palavras não foram de pânico, mas de alento. Em meio à gritaria, ele manteve a calma. Um gesto que agora é lembrado como heroico.

Fogo, Silêncio e Luto

Quando os bombeiros chegaram, a cena era desoladora. Partes do balão estavam espalhadas por um campo, o cesto ainda fumegava. Quatro corpos foram encontrados carbonizados. Outros não resistiram aos ferimentos durante o salto ou em decorrência das queimaduras.

Santa Catarina parou. O Brasil, chocado, buscava entender como um passeio turístico terminou em catástrofe. A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) iniciou investigação rigorosa sobre os equipamentos usados e os protocolos de segurança da empresa responsável.

Ecos de Coragem em Meio à Tragédia

O que Elvis e Andrei deixaram não foram apenas palavras, mas atitudes que definem quem eles foram até o fim. O piloto, mesmo ferido, tentava apagar o fogo com um extintor que falhou. Tentou manobrar o balão mesmo quando as chamas já lhe queimavam o uniforme. Andrei, por sua vez, viveu — e morreu — como médico: protegendo os outros, pensando no coletivo, sendo âncora emocional em um momento de desespero.

A tragédia de Praia Grande é, acima de tudo, uma história de instantes que revelam a essência do ser humano diante da morte. Quando tudo pegava fogo — literalmente — dois homens escolheram agir com bravura.

E, por mais que o céu daquela manhã tenha sido manchado por fumaça e tristeza, o exemplo deles continua pairando no ar — como um lembrete de que, mesmo nos momentos mais sombrios, ainda podemos encontrar luz.