Notícias

QUE TRAGÉDIA: Grave acidente tira a vida dos nossos 4 queridos, filhos d… Ver mais

Silêncio na Estrada: O São João que Terminou em Luto

Na madrugada ainda embriagada de festa, o riso virou pranto. Quatro jovens que dançaram sob o céu do São João jamais veriam o nascer do sol.

Por trás dos fogos de artifício, das músicas que ecoavam pelas praças e das bandeirolas coloridas que enfeitavam o interior da Bahia, uma tragédia se anunciava — silenciosa, implacável, sem aviso. Foi por volta das 4h30 da manhã da terça-feira (17), enquanto a Chapada Diamantina ainda dormia, que a BR-242 se tornou palco de um dos acidentes mais devastadores da região nos últimos anos.

Era para ser apenas o fim de mais uma madrugada de celebração. Em Iraquara, o São João havia reunido amigos, famílias e jovens em busca de alegria. Entre eles, estavam Bianca Ferraz Machado, Cleiton Oliveira de Souza, Cleitiana Rodrigues e Kaique Souza — inseparáveis, cheios de planos, ainda com o brilho da festa nos olhos. A poucos quilômetros de casa, no município de Seabra, a vida desses quatro amigos foi interrompida de forma brutal.

A Curva Que Ninguém Esperava

Testemunhas e equipes de resgate relatam que o carro onde estavam os jovens invadiu a contramão e colidiu de frente com uma carreta. O impacto foi tão violento que não houve tempo para reação — nem para despedidas. Os corpos foram encontrados presos às ferragens. Nenhum dos ocupantes sobreviveu.

“Foi uma das cenas mais difíceis que já presenciei”, revelou um dos socorristas da equipe Anjos da Chapada, visivelmente abalado. “A alegria deles ainda pairava no ar. E, de repente, tudo virou silêncio.”

Da Alegria à Incredulidade

Em questão de horas, as redes sociais se tornaram mural de luto. Fotos dos quatro jovens sorrindo durante a festa foram substituídas por homenagens, corações partidos e perguntas sem resposta. A cidade de Seabra amanheceu em choque. Escolas suspenderam as aulas. Lojas baixaram as portas. O São João, que tanto simboliza vida e resistência cultural, ficou marcado pela dor.

“Todo mundo conhecia pelo menos um deles”, conta uma vizinha, emocionada. “Eles estavam sempre juntos. Era lindo de ver.”

Vidas Que Estavam Só Começando

Cada um deles carregava um universo de sonhos. Bianca era apaixonada por moda e sonhava em abrir sua própria loja. Cleiton trabalhava como auxiliar técnico e fazia planos para se casar em breve. Cleitiana cursava pedagogia com o desejo de mudar vidas através da educação. Kaique, o mais jovem, nutria o sonho de ser fotógrafo — queria registrar o mundo com a sensibilidade que trazia no olhar.

“Eles não estavam em um lugar perigoso. Não estavam fazendo nada de errado. Apenas voltando para casa, juntos, como sempre fizeram”, desabafa um amigo próximo.

A Cidade em Luto

Diante da comoção, a Prefeitura de Seabra decretou dois dias de luto oficial. Em nota, lamentou profundamente a perda dos jovens e prestou solidariedade às famílias. O velório coletivo atraiu centenas de pessoas. Entre lágrimas e orações, os caixões foram cobertos de flores, cartas, fotos e mensagens de despedida escritas por colegas, professores e familiares.

“É como se a cidade inteira tivesse perdido um pedaço de si mesma”, disse o prefeito, durante a cerimônia.

Quando a Estrada Vira Armadilha

A tragédia escancarou uma realidade muitas vezes ignorada: o perigo nas estradas durante festas tradicionais. O cansaço, a escuridão, a imprudência e, em alguns casos, o álcool, criam uma combinação fatal que transforma o retorno para casa em um risco iminente.

Especialistas reforçam que é preciso intensificar a fiscalização e, principalmente, a conscientização. “Não adianta só colocar blitz. É preciso conversar com os jovens, educar desde cedo. A estrada pode ser tão traiçoeira quanto uma arma carregada”, alerta um agente da Polícia Rodoviária Federal.

O Eco da Ausência

Dias se passaram, mas o vazio deixado por Bianca, Cleiton, Cleitiana e Kaique ainda paira no ar. A praça onde costumavam se encontrar, a padaria da esquina, a sala de aula — tudo parece emudecido. Seus nomes agora habitam não apenas lápides, mas memórias vivas, vídeos de TikTok, álbuns de fotos e histórias que ninguém mais deixará esquecer.

A estrada que os levou agora serve como lembrança do quanto a vida é breve — e de como a alegria, às vezes, tem um fim trágico demais.