Silêncio de Trump Aumenta a Tensão com o Brasil: Tarifa de 50% Coloca Relações Diplomáticas em Xeque
Brasília vive dias de apreensão. Em meio a um clima cada vez mais carregado entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém sua posição: está aberto ao diálogo, mas só atenderá ao telefone se for Donald Trump quem fizer a ligação. E até agora, o silêncio ecoa em Washington.
Na superfície, a crise parece econômica. Mas por trás dos números e anúncios formais, esconde-se um jogo de pressões políticas e estratégias diplomáticas que pode redefinir os rumos da relação bilateral entre as duas maiores democracias do continente americano.
Tudo começou com o que muitos já consideram um golpe seco: a imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os EUA, anunciada com frieza e sem consulta prévia. O impacto é direto, brutal — e para Brasília, não se trata apenas de uma questão comercial. É um sinal claro de que algo se rompeu.
A decisão, endossada por Trump e confirmada no último domingo (27) pelo secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, entra em vigor já no dia 1º de agosto. O prazo é curto. A tensão, crescente. E o risco de retaliações, mais próximo do que nunca.
Brasília em alerta: “Não vamos correr atrás”
Fontes próximas ao Planalto revelaram ao jornalista Gerson Camarotti, do g1, que o clima entre os ministros é de frustração e desconfiança. O governo brasileiro tem feito tentativas discretas de restabelecer o diálogo — inclusive via contatos técnicos com o Departamento de Comércio e o Tesouro norte-americano —, mas sem retorno. A resposta? Um muro de silêncio vindo da Casa Branca.
“Estamos dispostos ao diálogo, mas não vamos correr atrás de quem desrespeita a soberania nacional”, disparou um assessor presidencial, em condição de anonimato. Para ele, o impasse atual não é técnico — é político.
Há quem diga nos bastidores que o sistema financeiro norte-americano está incomodado com o avanço do Pix, ferramenta de pagamento digital brasileira que vem sendo estudada e até copiada por outros países. Mas, segundo fontes do governo, isso não estará na mesa de negociações. “Esse é um projeto nacional. Não há recuo”, garantiu o mesmo interlocutor.
Trump escreve, mas não responde
No dia 9 de julho, uma carta assinada por Trump foi tornada pública. O tom era protocolar, distante. Nenhum pedido de diálogo, nenhuma sinalização de trégua. Para o Itamaraty, o documento serviu apenas para confirmar o que muitos já temiam: Trump não está disposto a recuar — pelo menos, por enquanto.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York, em agenda com a ONU, mas já foi instruído a mudar de rota e ir a Washington assim que surgir qualquer sinal concreto de abertura. O problema? Nada até agora.
Enquanto isso, no Palácio do Planalto, Lula recebeu um relatório estratégico preparado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O plano, ainda em sigilo, prevê medidas de proteção imediata para setores críticos da exportação brasileira, além de rotas alternativas para mitigar os danos. É, nas palavras de um assessor, um “plano de guerra econômica”.
Empresas na mira e empregos em risco
Os efeitos práticos da tarifa já começaram a ser calculados. Segundo estimativas da Amcham Brasil, cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras podem ser atingidas diretamente. E o reflexo no mercado de trabalho é alarmante: mais de 3 milhões de empregos estariam em risco se a medida se mantiver.
O vice-presidente Geraldo Alckmin tem apostado em um caminho alternativo: o lobby empresarial. Reuniões discretas com CEOs e diretores de gigantes como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar têm como objetivo criar uma rede de influência dentro dos próprios EUA, pressionando a Casa Branca de dentro para fora.
Esperando o próximo movimento
O cenário que se desenha é tenso e volátil. O Brasil, por enquanto, tenta equilibrar-se entre diplomacia e resistência. Quer evitar o confronto direto, mas também não pretende ceder à imposição unilateral. E enquanto isso, o telefone presidencial segue em silêncio.
Lula já foi claro: só conversará se for procurado. E cada dia sem resposta é mais um passo rumo a uma crise com potencial de se agravar.
Nos próximos dias, Brasília deve intensificar a articulação com o setor privado norte-americano e buscar aliados estratégicos em fóruns multilaterais. A aposta é que a pressão política e econômica force uma reavaliação da medida por parte dos EUA. Mas o tempo corre — e o relógio da diplomacia nem sempre favorece quem espera demais.
A pergunta que paira no ar é simples, mas carrega o peso de um capítulo importante da história recente: quando — e se — Trump irá responder?